Você sabe a diferença entre esses tipos de vinho?
O dinâmico universo dos vinhos está em constante evolução e novas tendências surgem a todo momento, ganhando força não só no mercado internacional, mas também no Brasil. Em meio a tantos novos conceitos, pode ser difícil acompanhar e entender as particularidades e diferenças de cada estilo de produção dos vinhos. Nesse texto vamos desvendar cada um dos quatro conceitos de produção: orgânico, biodinâmico, natural e sustentável
Como surgiu o movimento da produção de vinhos mais sustentáveis
Na metade do século XX movimentos para produção de vinho mais sustentaveis surgiram propondo um plantio que trouxesse menor impacto à natureza. Além disso, seus pioneiros queriam produzir vinhos mais puros, mais reais e que refletissem totalmente seu terroir. Esse movimento ganhou força principalmente na França, com produtores expoentes como Jean-Baptiste Souillard e tantos outros. Assim ganhou força a tendência de vinhos orgânicos, produzidos a partir de vinhedos que não fazem uso de agrotóxicos ou fertilizantes.
O tema ainda causa muita confusão, até por existirem poucas regras e legislações diferentes para cada conceito (orgânico, biodinâmico e natural), e algumas diretrizes ainda mudam em cada país. Por exemplo, um vinho certificado como orgânico na França, precisa passar por uma nova regulamentação no Brasil se quiser estampar o selo de orgânico em terras brasileiras.
Vale ressaltar que em produções convencionais as vinícolas podem utilizar cerca de 300 compostos e insumos enológicos, além de pesticidas, fungicidas, herbicidas e, inclusive, compostos sintéticos em seus vinhos, como os fertilizantes. Portanto, vale ficar de olho no seu produtor favorito.
Qual a diferença entre um vinho orgânico, biodinâmico e natural?
Na prática, e em termos de comparação, podemos pegar o exemplo de uma “simples” dor de cabeça. Numa forma de cuidado/ cultivo tradicional (com uso de agrotóxicos), tomaríamos apenas um paracetamol para resolver o sintoma. Já numa abordagem B.O.N.S., investigaremos a causa real da dor de cabeça, que poderia ser de fígado aos olhos, e trataremos a causa com remédios naturais.
Cultivo orgânico
É sempre importante começarmos lembrando que, se formos levar o conceito ao pé da letra, deveríamos nos referir como sendo, vinhos produzidos com uvas orgânicas, visto que sem um cultivo orgânico, não há vinho orgânico.
Os vinhos orgânicos, portanto, são produzidos com uvas que foram cultivadas sem o uso de agrotóxicos, como os pesticidas, herbicidas, entre outros.
Cultivo biodinâmico
Os vinhos biodinâmicos seguem os preceitos de Rudolf Steiner, filósofo austríaco que, na década de 1920, defendeu a ideia de uma unidade viva, onde tudo deve ser respeitado, enxergando uma conexão entre o solo, a flora, a fauna e até mesmo os astros. O que ele fez foi nada mais do que olhar para os nossos antepassados, que se guiavam pela lua para definir o melhor momento de colheita, de poda e etc, e a partir disso começou a criar ciclos naturais, com base em conhecimentos empíricos.
De forma simples, os vinhos biodinâmicos se diferenciam dos orgânicos, já que além de não utilizarem compostos químicos em sua produção, também levam em conta fatores como o calendário lunar, astronomia e preparados naturais que são aplicados diretamente na terra.
Vinhos naturais
Produtores que se auto-intitulam naturais basicamente não adicionam e nem retiram nada de seus vinhos. Esse conceito de vinho natural é um tema um tanto polêmico e complexo, que está começando a ser regulamentado na França agora, o que gera protestos de alguns produtores, que querem se livrar de regras e ter mais criatividade na produção, deixando a natureza falar por si só.
Os vinhos naturais utilizam de técnicas artesanais centenárias, sem recursos tecnológicos, mas essa é uma tendência que ganhou força nas últimas décadas. Esses pequenos produtores não utilizam qualquer intervenção em seu processo, desde o cultivo do vinhedo até a conservação do produto, e ainda não apresentam quaisquer insumos vitícolas ou compostos adicionais.
Vinhos sustentáveis
Aqui estamos falando de uma grande tendência mundial. Se por um lado precisamos nos atentar ao uso excessivo de agrotóxicos nos alimentos que consumimos, por outro lado, alguns produtores não se furtam de usarem remédios mais fortes nos combates a pragas mais intensas.
Os produtores sustentáveis estão cientes de que estão contribuindo para uma cadeia mais justa e equilibrada, mas também entendem que por vezes precisam optar por produtos químicos para garantir a safra de determinado ano.
Esse vinhos são mais caros mesmo?
Quando falamos de vinhos B.O.N.S., em sua grande maioria, falamos também de pequenos produtores e produções artesanais.
Portanto, alguns preços são mais elevados visto que a produção também é feita em menor escala.
Extra: o que faz um vinho ser considerado vegano?
Na produção de um vinho, convencional ou B.O.N.S., podem ser utilizados diversos elementos de origem animal. Alguns são muito comuns e usados há séculos no processo de clarificação, como a clara do ovo, e outros mais atuais como o Isinglass, similar ao colágeno, retirado da bexiga natatória seca dos peixes, além da caseína e gelatinas.
Apesar disso, não é incomum um vinho ser vegano, já que muitos produtores são menos intervencionistas e utilizam processos naturais de clarificação ou elementos de outras procedências, como carvão ativado e até mesmo algas marinhas. Sendo assim, é comum encontrar no contrarrótulo de alguns vinhos a informação “não filtrado / não clarificado” ou até mesmo a certificação de produto vegano.
Para aqueles que se interessam ou se preocupam com o processo de produção por trás dos vinhos que consomem, a Cellar é o destino certo. Buscamos trabalhar com pequenos produtores que respeitam ao máximo a matéria-prima e o terroir, consequentemente boa parte do portfólio é de vinhos naturais, biodinâmicos ou orgânicos. Confira também uma seleção de vinhos naturais.
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